Moraes quer desfazer conexão de PT com o PCC?
Moraes não é tão burro assim. Já não se pode dizer o mesmo daqueles que comentaram a decisão do ex-advogado da Transcooper.
Uma operação da Polícia Civil de São Paulo deflagrada meses atrás apurou a possível participação do crime organizado no transporte urbano na capital paulista. A ofensiva mirou integrantes da direção da Transunião, entre outros alvos.
O vereador petista Senival Moura, suspeito de envolvimento na morte de um ex-presidente da cooperativa e de participação em um esquema de lavagem de dinheiro do PCC, também foi investigado.
Agentes foram às ruas para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao presidente da Transunião e dezoito veículos ligados a empresa foram apreendidos.
Em 2014, um relatório do MP foi anexado no inquérito sobre seu irmão, o então deputado Luiz Moura, também do PT (Partido dos Trabalhadores), e citava o nome de Senival Moura por suspeita de formação de quadrilha e corrupção.
O deputado estadual Luiz Moura (PT) foi flagrado pela polícia à época em reunião com dezoito integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Não é a primeira vez que o vereador paulistano Senival Moura (PT) vira alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo por suspeita dos crimes de formação de quadrilha e corrupção, como apontou relatório sigiloso ao qual o site de VEJA teve acesso.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo naquela época, Márcio Fernando Elias Rosa, apresentou representação criminal contra o deputado Moura para apurar sete crimes: organização criminosa, extorsão, constrangimento ilegal, apropriação indébita, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e abuso de autoridade.
Os irmãos Moura, ligados a perueiros que operam no sistema de transporte público de São Paulo, constavam em inquéritos abertos em 2014 para desvendar vínculos do PCC com as cooperativas. As investigações sobre Senival e Luiz Moura foram conduzidas até julho daquele ano pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). As citações ao deputado, porém, foram remetidas ao procurador-geral de Justiça, a quem cabe investigar parlamentares estaduais, que têm foro privilegiado.
Segundo seu próprio currículo, divulgado no site da Assembléia Legislativa de São Paulo, o petista era o anfitrião de uma “festa” da cooperativa ocupando o cargo de “Presidente de Honra” da TRANSCOOPER.
UMA MATÉRIA que não pode cair no esquecimento: “Alexandre de Moraes aparece no Tribunal de Justiça como advogado da Transcooper, investigada por suspeita de vínculo com crime organizado“.
Um ano depois da investigação sobre os irmãos Moura, Alexandre de Moraes, então Secretário da Segurança de SP, ainda aparecia no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos na área civil da Transcooper. A cooperativa é uma das cinco associações e empresas citadas em investigação que apura formação de quadrilha e lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O então secretário, hoje Ministro do STF, afirmou, em nota, que “renunciou a todos os processos que atuava como um dos sócios do escritório de advocacia” no qual trabalhava. Ele disse ainda que solicitou, em 1.º de janeiro de 2015, uma licença temporária de sua inscrição como advogado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo a nota, Moraes começou a advogar para a Transcooper no dia 27 de janeiro de 2011 em causas civis e administrativas. “Não houve qualquer prestação de serviços advocatícios – nem pelo secretário nem pelos demais sócios – às pessoas citadas em possível envolvimento com o crime organizado, em 2014. O contrato se referia estritamente à pessoa jurídica da cooperativa”, informou a nota. Porém, Moraes ainda permanecia no site do TJ como defensor da cooperativa quando a nota fora publicada, como pode ser visto em: https://veja.abril.com.br/politica/secretario-da-seguranca-defende-cooperativa-de-van-ligada-ao-pcc/
O que Moraes fez na decisão em favor do pedido do PT foi relacionar a morte de Celso Daniel com o PCC, mas jamais decidiria que membros do PT não possuem relação com o PCC. A decisão do ex-advogado da Transcooper é uma casca de banana para que muitos afirmem o que ele não falou e depois usar, perto de Outubro, essa interpretação como desculpa para afetar Bolsonaro diretamente.