Reler textos de grandes intelectuais e escritores que você já considera uma informação assimilada demonstra frequentemente que há muito mais para aprender, ou seja, que o nível da sua leitura que você fez acerca desses textos não foi tão profundo, mas superficial. E se você não retornar ao texto, a única informação que você carrega é a superficial.
O mesmo fenômeno ocorre com a memória de lugares outrora frequentados com certa assiduidade, como o bairro da sua infância, como também ocorre com a lembrança de pessoas com as quais você perdeu a convivência.
A conclusão que se pode tirar desse fenômeno é um indicador que fala mais de nós mesmos mais do que da coisa observada, seja um texto, uma pessoa ou um lugar. Em outras palavras, isso é um alerta, um sinal amarelo, para que você não pense ser um observador que esgotou o que se pode extrair daquilo que está em sua memória. Há camadas de conhecimento e o depósito do qual nossa inteligência opera, ou seja, a memória, é pobre e, não raramente, superficial.
Se o fenômeno ocorre com aquilo que está no passado, como não desconfiar da observação das coisas presentes? Por isso é temerário falar com certeza sobre qualquer assunto. E isso é o que divide o revolucionário do contra-revolucionário. Enquanto este é cauteloso, àquele é um tarado acorrentado por sua imaginação parca, estreita e equivocada. Por isso que comumente o revolucionário se diz juíz “imparcial” do passado e profeta de um futuro que ninguém sabe como será. Fuja dos revolucionários e de seu modo de agir, que é constantemente imprudente e irresponsável. Apegue-se à prudência dos sábios, os quais são cautelosos e responsáveis.