Ele buscou as coisas do alto
É difícil escrever uma legenda digna para esse momento. Ano passado eu estava sentado enquanto as lágrimas corriam em meu rosto. A saudade do professor era grande, maior ainda era a saudade do amigo que DEUS me deu a alegria de poder visitar todos os dias no exílio. Ele era a materialização da providência divina que me consolou e comigo rezou pela saúde de minha filha quando soube que ela estava indo para a UTI sem saber se de lá ela sairia.
O Olavo analista político era uma camada infinitamente inferior em comparação ao filósofo, mas até o filósofo era inferior ao Olavo marido da Roxane. O Olavo integral, pai, avô, marido, amigo e filósofo era uma personalidade difícil de descrever devida à estatura de sua grandeza. Olavo não era um grande filósofo e escritor porque leu e entendeu muito. Ele leu e entendeu muito porque amava. Amava o que lia. Amava o que era. Amava de onde vinha. Amava onde morava. Amava quem estava ao seu redor. O amor era o norte de sua vida, pois era consciente de sua imortalidade e jamais se deixou vencer por distrações que o fizesse esquecer para onde estava indo após a morte do corpo. Assim como sabemos que precisamos de alimento quando nosso corpo nos alerta, a alma dele não descansava enquanto não estivesse amando.
Ele sempre estava atento ao pedido da alma na mesma proporção das exigências do corpo. A atenção dele aos pedidos do corpo e da alma não eram negligenciados. A união substancial entre corpo e alma estavam em sua consciência assim como temos a consciência de que nossos músculos precisam de nosso sangue. O mundo imaterial era parte da realidade total de seu cotidiano tanto quanto a matéria que estava diante dos seus olhos. Enquanto o mundo ao seu redor negligenciava o que está para além da matéria, ele só sabia bem o que estava diante dos olhos porque via a corporeidade como parte de algo que os olhos não via, a imortalidade.
Enfim, um dia espero poder descrever a experiência de conviver com a pessoa mais esplêndida que já conheci. Por ora, quero apenas deixar claro que se você conheceu o Olavo que falava de política, saiba que maior ainda era o Olavo filósofo e só o Olavo integral era gigante. Qualquer mutilação de sua personalidade é uma caricatura de péssimo gosto. Olavo não merece ser lembrado como analista político, mas como o filósofo que amava.
Descanse em paz, oh amante do Verbo feito Carne.