Allan dos Santos
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Um show inusitado com melodia clínica
Minhas impressões sobre a palestra de Jordan B. Peterson em Miami
March 10, 2023
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Em meio a um mar de problemas, desafios e dores, e até mesmo com o falecimento do pai de um amigo próximo, recebi ontem o convite para assistir a uma palestra de Jordan B. Peterson que ocorreu em um ginásio maior do que o Maracanãzinho do Rio de Janeiro.

Quem não está familiarizado com Peterson, imagina que sua palestra deve lotar um ginásio por causa de um conteúdo similar ao dos palestrantes de autoajuda ou ao marketing do gênero “aprenda a vender com com quem nunca teve sucesso”. A impressão se desfaz nos primeiros minutos da palestra do psicólogo canadense, pois sua voz é baixa, nada enérgica, mas cada palavra que sai de sua boca faz com que a platéia permaneça tão curiosa que um ouvido atento se questiona o que de tão grandioso está sendo dito ali. Na verdade, mesmo um desatento fica perplexo.

Peterson iniciou falando de uma conversa que teve com um amigo (provavelmente cunhado, não me lembro bem) sobre os problemas metafísicos, teológicos e filosóficos da criação de uma inteligência não-humana e suas consequências (assunto que tratarei em uma outra oportunidade).

Em seguida, mencionou que fora convidado para testemunhar no Senado americano sobre o perigo da Inteligência Artificial em uma espécie de comissão técnica similar às que temos no Brasil. “Desconvidado” dessa comissão por razões infundadas e por pressão dos democratas, comentou que os motivos eram irracionais, embora o que chamou a atenção de Peterson mesmo foi o fato de terem mentido sobre o cancelamento da participação dele no evento. Após explicar que a mentira é parte constitucional do marxismo, apontou para o que considera o coração do pensamento marxista: a inveja.

Expôs que o marxismo é a doutrina da inveja, onde quem possui uma maior quantidade de bens materiais é mau enquanto o bom homem é o que está sendo oprimido pelos ricos e consequentemente sem bens (ou com menos bens que um outro qualquer). Foi nesse momento que Jordan B. Peterson deixou claro a sua marca. Sua abordagem não contemplou o que muitos podem observar. Trouxe aquele ângulo de observação análogo ao de uma pessoa que precisa se agachar para ver o que está por debaixo da cama.

Explicando como de fato pensa um marxista, a todos lembrou da necessidade de estudar o assunto, pois um desconhecedor do marxismo não entenderá os movimentos inspirados por esse pensamento revolucionário, como a agenda WOKE (termo em inglês que significa “desperto”). E concluiu que “o marxismo é a cientificação do comportamento de Caim”.

Ciente da possibilidade da platéia menosprezar as motivações religiosas de um povo de milhares de anos atrás, apontou que quase ninguém dos tempos atuais conseguiria viver sob as condições de nossos ancestrais. Os que riem de um povo que pensava comunicar-se com a eternidade por meio da fumaça de um sacrifício, como fez Abel, em geral não estão dispostos ao mínimo de esforço necessário para obter sequer bens materiais, o que explica o número dos que seguem tiranos e idolatram estruturas totalitárias. Quem não é capaz de sacrificar algumas horas para a obtenção dos bens materiais de hoje, impensáveis aos reis no passado, nunca compreenderá a mentalidade de povos antigos dispostos a sacrificar o que tinham de melhor para oferecer ao que pensavam ser o mais sublime: a divindade que habita na eternidade. Foi um tapa com luvas de pelica. Peterson mostrou que o conforto proveniente do avanço tecnológico, embora tenha sua utilidade e prazer, impede o observador atual de olhar para o passado como quem sabe de fato em quais circunstâncias e dificuldades viviam os homens de então.

O homem atual é a prova da veracidade da mensagem contida na história de Caim e Abel, ou seja, cada pessoa pode narrar algo similar dentro de sua própria experiência: a relação conflituosa entre quem sacrifica o que mais ama para agradar a razão de seu amor e aquele que para obter o desejado não está disposto a sacrifícios e busca vias mais confortáveis. O resultado entre esses dois será sempre o êxito do primeiro e a frustração do segundo. E se o conflito continuar, o invejoso e preguiçoso terminará querendo eliminar o exitoso, uma vez que ele mesmo é incapaz de emendar-se e melhorar. A inveja proveniente da preguiça é a seiva do pensamento marxista, apresentado em uma versão idêntica ao enredo de Caim, com um figurino atualizado apenas. É a mesma história. O mesmo roteiro. O mesmo fim. O que é o genocídio comunista senão uma atualização da história de Caim?

No momento das perguntas apresentadas por Dave Rubin ao fim do evento, é importante registrar que Peterson mencionou um poeta e amigo, colega de profissão na universidade de Toronto, dizendo que cada palavra saída da boca do poeta era esculpida e polida, uma demonstração da profundidade da beleza e da verdade tão abandonada hoje em dia. A poesia, a beleza e a arte não podem ser esquecidas, disse. E após uma pausa, olhando para o chão mas pensando em um mosteiro na Áustria onde concluirá seu próximo livro, disse: “não existe fim na profundidade da beleza e da verdade”.

Como era proibido usar celular para gravar o que fora dito na palestra, fiquei apenas com minhas notas e minha memória, mas muito do que foi dito acabou ficando para trás. Com o tempo vou recordando e trazendo para vocês o que aprendi nessa noite que vi um psicólogo clínico lotar um ginásio esportivo para falar de Caim sob um aspecto filosófico. Não foi a primeira vez que o vi e não será a última.

 

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Abra os olhos
Não seja guiado por tolos

Nenhum país se torna "Terceiro Mundo" por questões financeiras. Qualquer tolo sabe que o Brasil tem muito dinheiro e inúmeras oportunidades. O que faz de um território geográfico um país de Terceiro Mundo são as pessoas que ocupam posições-chave, aqueles que detêm o poder de decisão — desde o padeiro local até os mais altos burocratas.

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Um olhar aprofundado no fundador de um país livre
O último signatário vivo da Declaração de Independência, Charles Carroll assumiu o papel de republicano e revolucionário conservador, representando em sua velhice o fim de um período na história.

O último dos signatários americanos da Declaração de Independência a partir deste mundo, Charles Carroll de Carroll também foi um dos fundadores americanos mais formalmente educados. Vivendo dezessete anos na França e na Inglaterra, Carroll obteve seu B.A. em artes liberais tradicionais e um M.A. em filosofia. Ele também estudou direito civil na França e direito comum na Inglaterra. Imigrantes irlandeses para as colônias americanas inglesas, os Carrolls sofreram nas mãos de intolerantes anticatólicos em Maryland por três gerações. Quando Charles Carroll de Carrollton veio ao mundo, seus pais permaneceram solteiros por causa da lei, e escolheram enviar seu único filho para viver na França. Se o tivessem educado em Maryland, as autoridades tinham a sanção legal para remover crianças — ensinadas de uma “maneira católica” — dos pais e colocá-las permanentemente com protestantes ingleses. Embora a América tenha herdado o título de “terra da liberdade”, suas treze colônias inglesas estavam longe de ser tolerantes. Mais do que qualquer outra colônia, Maryland promoveu a tolerância religiosa por quase três décadas do século XVII, mas um golpe em nome de William e Mary em 1689 encerrou isso por quase um século. Maryland passou de ser uma das sociedades mais tolerantes do mundo para uma das menos tolerantes quase da noite para o dia.

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Ex-diplomata dos EUA acusado de espionar para Cuba por mais de 40 anos
Procurador-Geral alega "uma das infiltrações mais altas e duradouras" do governo dos EUA por um agente estrangeiro

O governo dos EUA acusou um ex-diplomata que serviu no conselho de segurança nacional nos anos 1990 de servir secretamente como agente do governo de Cuba por mais de 40 anos. Victor Manuel Rocha foi preso na sexta-feira, após uma longa investigação de contrainteligência do FBI.

O embaixador dos EUA na Bolívia de 2000 a 2002, Rocha também trabalhou no conselho de segurança nacional de 1994 a 1995. Ele é acusado de cometer vários crimes federais.

"Esta ação expõe uma das infiltrações mais altas e duradouras do governo dos Estados Unidos por um agente estrangeiro", disse o procurador-geral, Merrick Garland. "Alegamos que por mais de 40 anos, Victor Manuel Rocha serviu como agente do governo cubano e buscou e obteve posições dentro do governo dos Estados Unidos que lhe proporcionariam acesso a informações não públicas e a capacidade de afetar a política externa dos EUA".

Rocha, de 73 anos, foi preso em Miami na sexta-feira. A lei federal exige que pessoas que fazem o trabalho político de um governo ou entidade estrangeira dentro dos EUA se registrem no departamento de justiça, que nos últimos anos intensificou sua aplicação criminal de lobby estrangeiro ilícito.

A carreira diplomática de 25 anos de Rocha foi realizada sob administrações democratas e republicanas, grande parte dela na América Latina durante a guerra fria, um período de políticas políticas e militares às vezes pesadas dos EUA.

Suas designações diplomáticas incluíram um período na seção de interesses dos EUA em Cuba, durante um tempo em que os EUA não tinham relações diplomáticas plenas com o governo comunista de Fidel Castro. Nascido na Colômbia, Rocha foi criado em uma casa de classe trabalhadora na cidade de Nova York e obteve diplomas de artes liberais em Yale, Harvard e Georgetown.

O governo alegou que Rocha conseguiu posições no departamento de estado a partir de 1981 para lhe dar acesso a informações não públicas, incluindo informações classificadas, e a capacidade de afetar a política externa dos EUA. Diz que de aproximadamente 2006 a 2012, Rocha foi assessor do comandante do Comando Sul dos EUA, um comando conjunto das forças armadas dos Estados Unidos cuja área de responsabilidade inclui Cuba. Acrescenta que, além de fornecer informações enganosas aos EUA para manter seu segredo, ele frequentemente deixava os EUA para se encontrar com operativos de inteligência cubanos e mentia para obter documentos de viagem. Diz que Rocha aparentemente admitiu ser um espião para um agente disfarçado do FBI em reuniões no ano passado e este ano. O agente, posando como um representante da Direção Geral de Inteligência de Cuba, ouviu Rocha admitir "décadas" de trabalho para Cuba. Rocha supostamente continuou se referindo aos EUA como "o inimigo" e usou o termo "nós" para descrever a si mesmo e a Cuba, elogiou Fidel Castro como o "Comandante" e referiu-se aos seus contatos na inteligência cubana como seus "compañeros" (camaradas), segundo a declaração do governo dos EUA.

Rocha foi o principal diplomata dos EUA na Argentina entre 1997 e 2000, justamente quando um programa de estabilização da moeda de uma década apoiado por Washington estava se desfazendo sob o peso de uma enorme dívida externa e crescimento estagnado, desencadeando uma crise política que veria o país sul-americano passar por cinco presidentes em duas semanas. Em seu próximo posto como embaixador na Bolívia, ele interveio diretamente na corrida presidencial de 2002, advertindo semanas antes da votação que os EUA cortariam a assistência ao país sul-americano em dificuldades se fosse eleger o ex-cultivador de coca Evo Morales.

"Quero lembrar o eleitorado boliviano que, se votarem naqueles que querem que a Bolívia volte a exportar cocaína, isso colocará em sério risco qualquer ajuda futura dos Estados Unidos à Bolívia", disse Rocha em um discurso amplamente interpretado como uma tentativa de sustentar a dominação dos EUA na região. Três anos depois, os bolivianos elegeram Morales de qualquer maneira e o líder esquerdista expulsaria o sucessor de Rocha como chefe da missão diplomática por incitar a "guerra civil". Rocha também serviu na Itália, Honduras, México e República Dominicana, e trabalhou como especialista em América Latina para o conselho de segurança nacional.

Nos últimos anos, ele ocupou vários cargos no setor empresarial: como presidente de uma mina de ouro na República Dominicana e cargos seniores em uma exportadora de carvão da Pensilvânia, uma empresa formada para facilitar fusões na indústria de cannabis, um escritório de advocacia e uma empresa espanhola de relações públicas.

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