O regime de Lula tentou bloquear a CPMI no dia 8 de janeiro pelo mesmo motivo que o PT vinha criando CPI quando estava fora da presidência: essas comissões fazem ruído demais e confundem o Executivo, às vezes achando de fato que o governo está perdendo forças no Congresso.
Além disso, o que Lula e o PT não querem é que a oposição tenha um palco em que esteja inevitavelmente sob os holofotes das reportagens da mídia todos os dias, sobretudo após as revelações do que ocorreu nos EUA no dia 6 de janeiro. Se a CPMI provar que o governo foi o responsável ao auxiliar na invasão dos prédios das três Poderes do governo em 8 de janeiro, as acusações contra os invasores perderão força e o regime lulista terá a responsabilidade pela complacência final. Um cenário que inclusive criaria um ambiente para impeachment, o que certamente não ocorreria, mas enfraqueceria a sensação de onipotência que a mídia e o PT pensam ter.
Para barrar a CPMI, o governo foi até obrigado a mudar o foco das negociações com o Congresso, o que atrasaria a aprovação de diretrizes e planos para construir uma base de apoio no Congresso, enfraquecendo o poder de barganha do presidente e aumentando o poder de negociação dos parlamentares.
Para impedir a comissão, o governo teve que prever negociações e oferecer cargos que garantissem o apoio do bloco do Centrão no parlamento. A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) ficará a cargo do Centrão, que será utilizado pela União Brasil e outras figuras como Lira e Alcolumbre. Lula também cedeu cargos nos Correios e no Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) diretamente para ele. Isso é de grande interesse para as empresas estatais devido aos grandes valores e posições que podem ser utilizadas como moeda de troca. Não por acaso, ocasionalmente, as pessoas têm suspeitas de fraude. Também nos Correios estava o maior escândalo de corrupção da história do país a começar a ser desvendado no primeiro mandato de Lula.