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KGB no Brasil: como Putin renovou programa soviético na América Latina com a ajuda do PT
Os espiões escolhidos, após receberem intenso treinamento, constroem uma identidade insuspeita, comum, e tradicionalmente são mandados para outros países
April 24, 2023
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Imagem mostra dois agentes russos acusados de tentar assassinar o ex-oficial de inteligência russo, Serguei Skripal, em 2008. Skripal fez o papel de agente duplo e foi alvo de operações do GRU Foto: Cedida / via REUTERS

Quando o Prof. Olavo de Carvalho avisou há mais de 30 anos que o comunismo não acabou e que a KGB não foi extinta, intelectuais e personalidades da imprensa torciam o nariz ou zombavam de suas análises. Há poucos dias, o jornal Estadão viu-se obrigado a noticiar, sem muito alarde, claro, uma descoberta do serviço de inteligência americana envolvendo espiões russos com passaportes brasileiros. A notícia brasileira é uma tradução de uma reportagem da Reuters.

O circo midiático acerca das intermináveis investigações no STF sobre “gabinete do ódio” e senhorinhas cristãs rezando em praça pública precisa ser compreendido em seu todo. Os esquemas milionários envolvendo Odebrecht na era Lula levando à extradição o ex-presidente do Peru e as recentes atividades do regime petista em relação à Guerra da Ucrânia alertam para uma operação ainda muito desconhecida dos iletrados analistas políticos no Brasil: o comunismo está mais vivo do que nunca.

Essas operações russas, como a inserção de espiões disfarçados de cidadãos de outros países, são realizadas na maioria dos casos pelo GRU (Главное разведывательное управление), Departamento Central de Inteligência, órgão do Ministério da Defesa da Rússia. Entre a lista de acusações contra o órgão russo, estão:

  • a interferência nas eleições dos Estados Unidos em 2016;

  • uma tentativa de golpe em Montenegro no mesmo ano;

  • ataques cibernéticos contra a Agência Mundial Antidoping (Wada) e a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ);

  • tentativa de assassinato do agente duplo Serguei Skripal no Reino Unido em 2018.

O GRU, ao lado de outros dois órgãos de inteligência do país, o FSB (Serviço Federal de Segurança, antiga KGB) e o SVR (Serviço de Inteligência Estrangeiro), recuperou a expertise que os russos possuíam em espionagem na época da União Soviética, responsável, por exemplo, por obter segredos sobre o programa de armamento nuclear dos EUA, e que muitos acreditavam estar perdida desde a década de 90. O filósofo e professor Olavo de Carvalho sempre alertou que essa expertise comunista jamais foi abandonada esquecida ou perdida.

A ameaça da espionagem russa hoje talvez seja maior do que durante a Guerra Fria”, declarou o ex-assessor especial do governo Bill Clinton para assuntos da Rússia e membro do centro de estudos americano Rand Corporation, William Courtney. Quando Olavo estava vivo, disse a mesma coisa e quase ninguém o ouviu, sobretudo os “sábios” militares brasileiros sem cultura.

Apesar da capacidade de obter informações, analistas afirmam, no entanto, que a Rússia falha em analisar e avaliar as informações. Na Ucrânia, por exemplo, o programa de espionagem conseguiu obter informações e manipular a opinião pública de áreas ocupadas, segundo um relatório do centro de estudos britânico Royal United Services Institute (Rusi), mas falhou ao não antecipar a forma de uma resposta ocidental unificada.

O comunismo acabou? A reestruturação da espionagem russa

O atual programa de espionagem da Rússia só se tornou possível graças à liderança do ditador Vladimir Putin, que foi um ex-membro da KGB e diretor da FSB antes de assumir o cargo no Kremlin. Durante a modernização dos serviços militares russos, que ocorreu após a invasão da Geórgia em 2008, Putin ocupava o cargo de primeiro-ministro, mas ainda mantinha grande influência no governo do seu aliado, Dmitri Medvedev. Quando Putin retornou ao Kremlin em 2012, as agências de espionagem receberam autonomia e apoio para operar.

A espionagem russa caiu muito nos anos 90, até por uma questão financeira, porque faltava recursos, e porque o (Boris) Yeltsin não priorizava tanto a questão da inteligência e segurança. Após a recuperação econômica nos anos 2000 com apoio de China, Brasil, ou seja, dos países do BRICS, Putin agora tem verba para os serviços de inteligência e deu prioridade a isso debaixo do nariz do Ocidente que acreditou no slogan “o comunismo acabou”.

De acordo com um relatório de 2021 publicado pelo serviço de pesquisa do Congresso dos EUA, a estrutura atual do GRU permite que ele opere de forma totalmente autônoma e se reporte diretamente a Putin. O GRU concentra suas atividades em áreas pouco regulamentadas, como zonas de guerra e na internet, e atua de maneira mais agressiva. Por outro lado, o FSB está mais ligado à inteligência interna e dos países fronteiriços à Rússia, enquanto o SVR se concentra em informações mais diplomáticas.

No relatório do Congresso americano, analistas e pesquisadores observaram que a cultura organizacional e a competição entre as agências de espionagem russas podem influenciar sua disposição em conduzir operações agressivas e, muitas vezes, imprudentes. Isso pode ser uma forma de justificar sua atuação perante os altos escalões do Kremlin.

Em uma reportagem do Washington Post publicada em 2018, o opositor russo Gennadi Gudkov, que serviu a KGB e depois na FSB, disse que os agentes do GRU se referem a si mesmos como “caras durões que agem”. “Precisa que batamos em alguém? Nós vamos acabar com ele”, disse o ex-agente. “Precisa que tomemos a Crimeia? Vamos tomar a Crimeia.” Para eles, vale-tudo em favor da “Mãe Rússia”.

Desarmar o Ocidente

Imagem mostra alunos da Escola de Cadetes General Yermolov e membros de um clube patriótico militar juvenil durante um treinamento nos arredores de Stavropol, Rússia, em 8 de fevereiro de 2017. Serviços de espionagem aumentaram a influência nas escolas nos últimos anos Foto: Eduard Korniyenko/Reuters

A propaganda estatal russa, que constantemente promove o “patriotismo” e um antagonismo com o Ocidente, também serviu de instrumento para a espionagem do país. As agências passaram a ser vistas como caminho para jovens brilhantes e a ter um prestígio interno que facilita o recrutamento. “A Rússia tem um forte senso de patriotismo, e esse apelo é utilizado desde a União Soviética para cooptar espiões”, disse Segrillo. “Isso serve até para cooptar russos que saíram do país por discordarem de posições políticas, mas que aceitam colaborar para a espionagem por esse aspecto”, acrescentou.

Os recrutados para o GRU são treinados na Academia Militar do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia. Os espiões escolhidos, após receberem intenso treinamento, constroem uma identidade insuspeita, comum, e tradicionalmente são mandados para outros países, onde interagem com a sociedade alvo para obter cargos no qual possam fornecer informações ao Kremlin.

O Kremlin promove uma agenda de desarmamento em todo mundo por meio da imprensa, intelectuais influentes e universidades. É uma operação para deixar o Ocidente absolutamente frágil, um alvo fácil para qualquer incursão militar oficial ou clandestina, como o caos implementado por meio do tráfico de drogas.

Identidade brasileira falsa na era PT

Imagem de 2017 mostra agente russo Serguei Cherkasov, espião que se disfarçava de cidadão brasileiro. Inserção de espiões com passaportes falsos é prática comum na Rússia - Foto: U.S. Justice Department

Foi essa a trajetória de Serguei Cherkasov, o espião russo preso após tentar entrar na Holanda com identidade brasileira falsa. O espião vivia em São Paulo e no Rio e usava o nome falso de Victor Muller Ferreira. A identidade foi utilizada para estudar na Universidade John Hopkins, nos EUA, onde tentou conseguir estágios em agências governamentais e internacionais. Victor Muller Ferreira é um personagem que o espião construía há quase uma década, segundo relatórios de inteligência. Do Brasil, viajou para estudos na Irlanda e nos Estados Unidos, sempre com a identidade falsa. A última investida visava um estágio no Tribunal de Haia, na Holanda, no ano passado. Ao conseguir um cargo no Tribunal Internacional em Haia, foi descoberto por autoridades americanas e holandesas e deportado para o Brasil.

À época da descoberta, autoridades holandesas encontraram com ele um documento com passagens da própria vida. Seria uma forma de se familiarizar com o personagem que vivia na pele. As anotações tinham detalhes da infância em Niterói, no Rio de Janeiro, e até endereços de restaurantes preferidos em Brasília.

Moscou pediu a extradição de Cherkasov argumentando que ele havia sido condenado por tráfico de drogas na Rússia. Em uma audiência por videoconferência, o espião disse que gostaria de ser enviado de volta a seu país para cumprir a pena imposta pela Justiça russa.

O GRU foi ajudado internamente no sistema brasileiro de imigração e registros cartoriais. Um tabelião cuja assinatura aparece em muitas das requisições fraudulentas de Cherkasov recebeu presentes, incluindo um colar Swarovski, de acordo com registros brasileiros e o indiciamento. O papel dessa pessoa ainda é foco de uma investigação em andamento no Brasil sobre as atividades de espionagem de Cherkasov e as atividades do GRU no Brasil.

Na análise de Segrillo, essa prática, utilizadas por diversos países na história, se aproveita de brechas na burocracia para obter cidadania nas nações da América Latina, da pluralidade da sociedade desses países, com grandes comunidades de imigrantes, e da simpatia desfrutada no exterior. “Chegar com um passaporte russo nos EUA desperta muito mais desconfiança do que chegar com um passaporte brasileiro”, afirmou.

O alcance desses espiões no mundo é desconhecido, mas operações recentes ajudaram a desmantelar redes de espionagem russa na Europa e nos EUA, levando à descoberta de pelo menos mais dois russos disfarçados de brasileiros. Apesar das investigações e das prisões recentes, um relatório da Rusi avalia que os serviços de espionagem tiveram mais êxito na Ucrânia do que os militares no campo de batalha.

Os serviços de espionagem também tiveram grande sucesso na primeira incursão russa na Ucrânia, em 2014, quando anexou a Crimeia. Graças à espionagem, o exército russo possuía informações sobre bases militares estratégicas, zonas desguarnecidas e conseguiu implementar propaganda falsa na região, destaca o relatório do Congresso dos EUA sobre as atividades do GRU.

Graças a essa estrutura, a Rússia mantém uma rede enorme de informações em um momento em que muitos juram não existir mais o comunismo. Poucos países se sentem seguros e é difícil saber quem não está com o Putin. “A Rússia hoje depende muito da espionagem para seus objetivos políticos. Em parte porque não tem muitos amigos e não é vista como confiável, portanto precisa contar com a espionagem para obter informações estrangeiras”, avaliou o analista William Courtney.

Em 2018, Putin expressou o respeito que tem pelo GRU durante a comemoração do centenário da fundação da primeira agência de espionagem russa. O serviço estava sob a atenção internacional após a tentativa de assassinato de Serguei Skripal, ex-oficial de inteligência militar russo que atuou como um agente duplo para os serviços de inteligência britânicos, mas não impediu Putin de rasgar elogios. “Como supremo comandante, é claro que sei sem exagero sobre suas habilidades únicas, incluindo em condução de operações especiais”, disse o presidente russo, conforme registrado pela agência Reuters na época.

Para os analistas, a defesa do presidente foi surpreendentemente forte. Isso mostrou que Putin não tinha planos de desistir de implantar sua agência de inteligência militar centenária como uma de suas principais armas para afirmar a influência russa no exterior. “E isso é mais perigoso do que na época da União Soviética porque a Rússia é mais aberta, com mais negócios no mundo. Ou seja, com mais oportunidades de inserir oficiais de inteligência”, declarou Courtney.

Agora você entende a familiaridade do Ministro russo em sua chegada ao Brasil de calça jeans, tênis e uma carga secreta de 5 toneladas?

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Um olhar aprofundado no fundador de um país livre
O último signatário vivo da Declaração de Independência, Charles Carroll assumiu o papel de republicano e revolucionário conservador, representando em sua velhice o fim de um período na história.

O último dos signatários americanos da Declaração de Independência a partir deste mundo, Charles Carroll de Carroll também foi um dos fundadores americanos mais formalmente educados. Vivendo dezessete anos na França e na Inglaterra, Carroll obteve seu B.A. em artes liberais tradicionais e um M.A. em filosofia. Ele também estudou direito civil na França e direito comum na Inglaterra. Imigrantes irlandeses para as colônias americanas inglesas, os Carrolls sofreram nas mãos de intolerantes anticatólicos em Maryland por três gerações. Quando Charles Carroll de Carrollton veio ao mundo, seus pais permaneceram solteiros por causa da lei, e escolheram enviar seu único filho para viver na França. Se o tivessem educado em Maryland, as autoridades tinham a sanção legal para remover crianças — ensinadas de uma “maneira católica” — dos pais e colocá-las permanentemente com protestantes ingleses. Embora a América tenha herdado o título de “terra da liberdade”, suas treze colônias inglesas estavam longe de ser tolerantes. Mais do que qualquer outra colônia, Maryland promoveu a tolerância religiosa por quase três décadas do século XVII, mas um golpe em nome de William e Mary em 1689 encerrou isso por quase um século. Maryland passou de ser uma das sociedades mais tolerantes do mundo para uma das menos tolerantes quase da noite para o dia.

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Ex-diplomata dos EUA acusado de espionar para Cuba por mais de 40 anos
Procurador-Geral alega "uma das infiltrações mais altas e duradouras" do governo dos EUA por um agente estrangeiro

O governo dos EUA acusou um ex-diplomata que serviu no conselho de segurança nacional nos anos 1990 de servir secretamente como agente do governo de Cuba por mais de 40 anos. Victor Manuel Rocha foi preso na sexta-feira, após uma longa investigação de contrainteligência do FBI.

O embaixador dos EUA na Bolívia de 2000 a 2002, Rocha também trabalhou no conselho de segurança nacional de 1994 a 1995. Ele é acusado de cometer vários crimes federais.

"Esta ação expõe uma das infiltrações mais altas e duradouras do governo dos Estados Unidos por um agente estrangeiro", disse o procurador-geral, Merrick Garland. "Alegamos que por mais de 40 anos, Victor Manuel Rocha serviu como agente do governo cubano e buscou e obteve posições dentro do governo dos Estados Unidos que lhe proporcionariam acesso a informações não públicas e a capacidade de afetar a política externa dos EUA".

Rocha, de 73 anos, foi preso em Miami na sexta-feira. A lei federal exige que pessoas que fazem o trabalho político de um governo ou entidade estrangeira dentro dos EUA se registrem no departamento de justiça, que nos últimos anos intensificou sua aplicação criminal de lobby estrangeiro ilícito.

A carreira diplomática de 25 anos de Rocha foi realizada sob administrações democratas e republicanas, grande parte dela na América Latina durante a guerra fria, um período de políticas políticas e militares às vezes pesadas dos EUA.

Suas designações diplomáticas incluíram um período na seção de interesses dos EUA em Cuba, durante um tempo em que os EUA não tinham relações diplomáticas plenas com o governo comunista de Fidel Castro. Nascido na Colômbia, Rocha foi criado em uma casa de classe trabalhadora na cidade de Nova York e obteve diplomas de artes liberais em Yale, Harvard e Georgetown.

O governo alegou que Rocha conseguiu posições no departamento de estado a partir de 1981 para lhe dar acesso a informações não públicas, incluindo informações classificadas, e a capacidade de afetar a política externa dos EUA. Diz que de aproximadamente 2006 a 2012, Rocha foi assessor do comandante do Comando Sul dos EUA, um comando conjunto das forças armadas dos Estados Unidos cuja área de responsabilidade inclui Cuba. Acrescenta que, além de fornecer informações enganosas aos EUA para manter seu segredo, ele frequentemente deixava os EUA para se encontrar com operativos de inteligência cubanos e mentia para obter documentos de viagem. Diz que Rocha aparentemente admitiu ser um espião para um agente disfarçado do FBI em reuniões no ano passado e este ano. O agente, posando como um representante da Direção Geral de Inteligência de Cuba, ouviu Rocha admitir "décadas" de trabalho para Cuba. Rocha supostamente continuou se referindo aos EUA como "o inimigo" e usou o termo "nós" para descrever a si mesmo e a Cuba, elogiou Fidel Castro como o "Comandante" e referiu-se aos seus contatos na inteligência cubana como seus "compañeros" (camaradas), segundo a declaração do governo dos EUA.

Rocha foi o principal diplomata dos EUA na Argentina entre 1997 e 2000, justamente quando um programa de estabilização da moeda de uma década apoiado por Washington estava se desfazendo sob o peso de uma enorme dívida externa e crescimento estagnado, desencadeando uma crise política que veria o país sul-americano passar por cinco presidentes em duas semanas. Em seu próximo posto como embaixador na Bolívia, ele interveio diretamente na corrida presidencial de 2002, advertindo semanas antes da votação que os EUA cortariam a assistência ao país sul-americano em dificuldades se fosse eleger o ex-cultivador de coca Evo Morales.

"Quero lembrar o eleitorado boliviano que, se votarem naqueles que querem que a Bolívia volte a exportar cocaína, isso colocará em sério risco qualquer ajuda futura dos Estados Unidos à Bolívia", disse Rocha em um discurso amplamente interpretado como uma tentativa de sustentar a dominação dos EUA na região. Três anos depois, os bolivianos elegeram Morales de qualquer maneira e o líder esquerdista expulsaria o sucessor de Rocha como chefe da missão diplomática por incitar a "guerra civil". Rocha também serviu na Itália, Honduras, México e República Dominicana, e trabalhou como especialista em América Latina para o conselho de segurança nacional.

Nos últimos anos, ele ocupou vários cargos no setor empresarial: como presidente de uma mina de ouro na República Dominicana e cargos seniores em uma exportadora de carvão da Pensilvânia, uma empresa formada para facilitar fusões na indústria de cannabis, um escritório de advocacia e uma empresa espanhola de relações públicas.

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