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De acordo com o órgão eleitoral do Chile, os partidos de direita venceram a eleição para o Conselho Constituinte com mais de 95% dos votos apurados. O Partido Republicano, liderado pelo ex-candidato presidencial conservador José Antonio Kast (foto), ficou na liderança, com 35,5% dos votos, seguido pela coalizão de esquerda Unidad para Chile, liderada pelo presidente Gabriel Boric, que obteve pouco mais de 28% dos votos.
O novo Conselho terá 50 membros e será responsável por redigir a nova Constituição do país. Os partidos de direita conseguiram mais de dois quintos das cadeiras disponíveis, o que lhes dará o controle sobre a discussão do novo regimento.
Os conselheiros eleitos começarão a trabalhar em junho, com base em um projeto compilado por 24 especialistas constitucionais nomeados pelo Congresso em março. A nova proposta será aprovada ou rejeitada pelos eleitores em dezembro. Este é o passo mais recente em um esforço de anos para revisar o texto da era da ditadura do país, após quase 80% dos chilenos votarem para redigir uma nova Constituição em 2020, seguido de violentos protestos socialistas.
A primeira versão da Constituição foi redigida por conselheiros amplamente de esquerda e se concentrou em utópicos benefícios sociais, agenda ambientalista, igualdade de “gênero” e “direitos indígenas”.
O líder do Partido Republicano José Antonio Kast destacou a vitória nas eleições para o Conselho Constitucional, onde elegeram 22 representantes para o órgão que será responsável por redigir a proposta de nova Constituição, e se tornaram a primeira maioria a nível nacional.
O ex-candidato presidencial do partido assegurou que o triunfo conservador nestas eleições significava a “derrota de um governo fracassado” e assegurou que as ideias do Partido Republicano eram as do “senso comum”.
“O Chile, não nós, derrotou um governo fracassado, um governo que tem sido incapaz de enfrentar a crise de segurança, a crise migratória, a crise econômica, a crise na educação, na saúde, na habitação e em tantas outras”, disse Kast.
Kast fala após triunfo do Partido Republicano
“Muitos se perguntaram esta noite o que os conselheiros republicanos vão fazer no Conselho Constitucional e a resposta é a mesma coisa que sempre fizemos, que é amar profundamente a nossa pátria, agir com humildade, responsabilidade e compromisso com o Chile”, acrescentou ele.
Kast começou com um discurso em que até chamou “à unidade”, apesar de seu partido ter poder de veto no novo Conselho Constitucional, já que conseguiram mais de dois quintos (2/5) da representação.
“Hoje não há muito para comemorar porque o Chile não está bem. Não é hora de comemorar. Podemos dizer que estamos felizes porque alcançamos uma meta importante, mas não é hora de celebrar ou dividir o país. É hora de trabalhar e trabalhar em unidade para o bem do Chile”, destacou.
A nova eleição reflete a mudança de opinião do eleitorado chileno, que optou por uma visão mais conservadora e de direita. O presidente Gabriel Boric, derrotado, falou da necessidade de unidade política e pediu aos conselheiros que pensassem na próxima geração e não nas próximas eleições.
Voto no papel
Josivaldo De Souza, assinante do Terça Livre, fez questão de nos enviar esta foto para que os brasileiros vejam a importância de um processo eleitoral transparente.
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“A eleição aqui é feita no papel. Foi uma tremenda perda para o Governo Boric porque ele e seu partido são os que mais querem mudar a constituição”, disse De Souza.
Socialismo na carne não agradou eleitorado
Boric, que assumiu o cargo em março, chegou ao poder em uma onda de otimismo em torno da reforma. Mas desde então seus índices de aprovação despencaram, em meio às dificuldades enfrentadas pela economia chilena e com o aumento da criminalidade se tornando as principais preocupações dos eleitores.
“O governo não se intrometerá no processo e respeitará a autonomia da entidade em suas deliberações”, disse Boric a repórteres na manhã de domingo após a votação, acrescentando que o governo atuará como fiador e apoiará as solicitações do novo Conselho.