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A origem do nome Brasil
Não há prova documental sobre o que falam de pau-Brasil e outras mentiras sem fundamento. O nome Brasil vem antes da existência de Portugal
May 30, 2023

O nome Brasil só poderia ter chegado aos portugueses a partir do lendário nome celta aplicado às “ilhas dos abençoados”, o lugar chamado Tír na nÓg da terra do sol poente, que o camponês de Galway e Mayo ainda vê no pôr do sol, assim como os viajantes galegos e lusitanos. No tempo de Cabral, os navegantes sonhavam com isso antes que seus olhos realmente caíssem nos picos de Porto Seguro, Bahia, emergindo das ondas ocidentais.

Um manuscrito da Biblioteca Nacional da Irlanda escrito por Roger Casement durante seu tempo como cônsul britânico em Belém do Pará, na foz do Amazonas, em algum momento entre 1907 e 1908, apresenta um argumento de que as origens do nome Brasil derivam do mítico Hy-Brassil. Essa ilha imaginária, localizada a oeste da Irlanda, é descrita de várias maneiras como uma “terra prometida”, a ilha dos abençoados - Tír na nÓg - a terra do sol poente e mencionada nas viagens de São Brandão. Ao defender essa raiz, Casement estava em consonância com os estudos históricos irlandeses da época. Ele acreditava que Hy-Brassil era um nome derivado das lendas da costa atlântica, com origens céltico-ibéricas remontando a “Atlantis e à terra mãe submersa dos primeiros irlandeses, ibéricos e possivelmente fenícios”.

A palavra Brasil, inclusive como nome e sobrenome, é comum tanto na Irlanda quanto em Portugal e até nos EUA. Basta consultar um site de genealogia para ver isso. A palavra Brasil também existe como nome próprio de lugares irlandeses: Clanbrassil, por exemplo, que é a cidade do famoso Conde de Clanbrassil. O nome “Brazil”, em numerosas variações ortográficas, pode ser encontrado em vários manuscritos antigos irlandeses. “Breasail” é o nome usado para um semideus pagão na história de Galway, de Hardiman. Mas a origem que possui mais documentos comprobatórios está ligada a São Brandão, que viajou para uma ilha com São Malo, São Machutus, São Barrindus, São Mochoemoc, São Maclovius e outros santos e monges irlandeses por volta de 480 ou 500, e essa ilha era chamada de Bresal.

Se você ampliar a imagem, verá uma ilha à oeste da Irlanda a mítica ilha BRAZIL. Imagem de 1583 do cartógrafo Lucas Janszoon Waghenaer (1534 – 1606).

Navigatio Sancti Brendani

 

São Brandão, também conhecido como São Brandão de Clonfert, o Navegador, foi um monge irlandês do século VI conhecido por suas viagens e relatos. Ele abraçou a vida monacal e tornou-se abade, tendo sido ordenado pelo bispo Erc, em 512. Após a ordenação, iniciou um percurso que faria dele um dos mais conhecidos santos da Irlanda. Faleceu no ano de 577 em Annaghdown (então Eunachdunne), condado de Galway, Irlanda, e foi enterrado na abadia de Clonfert, no mesmo condado. A sua celebridade foi tal que diversos pontos da costa ocidental irlandesa receberam topónimos em sua honra (Brandon Point, Brandon Bay e Brandon Head, entre outros). O livro Navigatio Sancti Brendani (A Viagem de São Brandão) é um importante texto medieval datado do século VIII e escrito na Irlanda. Um livro de grande influência, amplamente conhecido e adaptado em vários idiomas em toda a Europa. Sendo a obra considerada como precursora das viagens ao Novo Mundo (como eram conhecidas as Américas) durante a Era das Descobertas.

A história do livro conta como São Brandão (c. 484 - c. 577), um importante abade irlandês do século VI, é chamado a fazer uma viagem à Terra Prometida dos Santos, que, segundo o texto, estava no Oceano Atlântico a oeste da Irlanda. O monge é acompanhado por uma tripulação de monges em sua viagem, que se prolonga por vários anos. O santo e seus companheiros devem vencer as tentações antes de chegar ao destino abençoado. No caminho, São Brandão visita o que são quase certamente as Ilhas Faroé, um arquipélago de 18 ilhas, no Atlântico Norte, encontra monges e eremitas, passa por uma ilha demoníaca, celebra a Páscoa nas costas de uma baleia e encontra Judas Iscariotes. A narrativa mítica durante a viagem tem uma noção de espaço e tempo ao mesmo tempo real e imaginário. Embora fascinante e ficcional, a viagem de São Brandão é colocada com segurança dentro da geografia real do norte e oeste do Oceano Atlântico. Como resultado, o Navigatio oferece uma percepção única sobre a paisagem do local e seu significado simbólico: a ilha dava todo tipo de fruto, é uma terra abençoada.

A influência das viagens de São Brandão em Cristóvão Colombo

Colombo era conhecido por sua busca por rotas alternativas para chegar às Índias, e foi fortemente influenciado pelas histórias de São Brandão, mas não só ele, pois os relatos de viagens do “Navigatio Sancti Brendani” eram populares durante a Idade Média e o Renascimento, tendo forte influência na mentalidade dos exploradores da época, fornecendo ideias e estímulos para suas próprias expedições marítimas.

Os relatos das viagens de São Brandão e suas descrições de terras distantes despertaram interesse e curiosidade entre todos os navegantes da época. A evidência histórica de que Cristóvão Colombo leu e estudou os textos de São Brandão, incluindo o “Navigatio Sancti Brendani”, pode ser encontrada em uma carta escrita por seu filho, Fernando Colombo. Nela, ele relata uma conversa entre Colombo e um certo monge no Mosteiro de Santa Maria de La Rábida, Espanha, onde Colombo teria discutido suas ideias sobre uma rota alternativa para chegar às Índias. De acordo com a carta, o monge teria sugerido a Colombo que lesse o “Navigatio Sancti Brendani” como uma fonte de inspiração para suas explorações. Embora essa carta de Fernando Colombo tenha sido escrita em 1537, décadas após as viagens de Colombo, ela oferece um vislumbre das influências e discussões que cercavam o famoso explorador e as histórias de viagens medievais durante esse período de descobrimento. A carta escrita por Fernando Colombo, filho de Cristóvão Colombo, é conhecida como “História do Almirante Don Cristóbal Colón” ou “Vida del Almirante Don Cristóbal Colón”.

Veja mais em “História do Almirante Don Cristóbal Colón”: Historia del almirante Don Cristóbal Colón. Primer volumen | Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

De São Brandão até Pedro Álvares Cabral

Aprendemos que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares de Cabral em 22 de abril de 1500, mas a primeira vez que o nome Brasil aparece em uma carta náutica é em 1325.

O nome Brasil já existia nos mapas de navegação pelo menos mil anos antes. Como exposto acima sobre São Brandão e suas navegações. Da Irlanda, o monge influenciou o mundo e seu “sonho” só seria descoberto muitos séculos depois. O desejo de encontrar a ilha Hy-Brassil levou expedições e ao desenvolvimento da humanidade: construiriam casas, vilas, cidades, países novos, ampliando horizontes e mudando para sempre todo rumo do conhecimento humano.

Essa lenda influenciou as navegações e as grandes descobertas mas também batizou o nosso país na língua gaulesa falada por são Brandão na época. Brasil significava: terra abençoada e não tem nada a ver com brasa ou vermelho. Somos isso: Terra abençoada, predestinada a ser terra de bençãos.

Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo, no Campo de Ourique, para dar batalha a Ismael e outros reis mouros que tinham consigo infinitos milhares de homens.

Armado com espada e rodela saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita contra o nascente um raio resplandecente e indo-se pouco a pouco clarificando, cada hora se fazia maior, e pondo de propósito os olhos para aquela parte vi de repente no próprio raio o sinal da Cruz, mais resplandecente que o sol, e Jesus Cristo crucificado nela.

Vendo pois esta visão, pondo à parte o escudo e espada, lancei-me de bruços, e desfeito em lágrimas comecei a rogar pela consolação de meus vassalos, e disse sem nenhum temor: a que fim me apareceis, Senhor? Quereis, por ventura, acrescentar fé em quem tem tanta? Melhor é por certo que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu, que desde a fonte do batismo Vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim Vos conheço agora.

O Senhor, com um tom de voz, suave, que minhas orelhas indignas ouviram, me disse: 'Não te apareci deste modo para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios de teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos de minha Cruz.

Acharás tua gente alegre e esforçada para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com título de rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te pedirem lhe concede facilmente. Eu sou o fundador e destruidor dos reinos e impérios, e quero em ti e teus descendentes fundar para mim um império, por cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas. E comporás o escudo de tuas armas do preço com que Eu remi o gênero humano, e daquele por que fui comprado dos judeus, e ser-me-á reino santificado, puro na Fé e amado por minha piedade".

Eu tanto que ouvi estas coisas, prostrado em terra, O adorei, dizendo: Por que méritos, Senhor, me mostrais tão grande misericórdia? Ponde pois vossos benignos olhos nos sucessores que me prometeis, e guardai salva a gente portuguesa. E se acontecer que tenhais contra ela algum castigo aparelhado, executai-o antes em mim e meus descendentes, e livrai este povo que amo como a único filho.

Consentindo nisto, o Senhor disse: 'Não se apartará deles nem de ti nunca minha misericórdia, porque por sua via tenho aparelhadas grandes searas e a eles escolhidos por meus segadores em terras muito remotas'.

"Ditas estas palavras desapareceu, e eu cheio de confiança e suavidade me tornei para o real".

Dia aquele em que a Cruz, projetada no firmamento, fez nascer um povo abençoado, forte e piedoso, por cujo meio Nosso Senhor veria seu “Nome publicado entre as nações mais estranhas”, sempre que os portugueses plantassem essa mesma cruz “em terras remotas”.

Por isso pôde um dia Vieira proclamar: “Deus deu a Portugal um berço para nascer e o mundo inteiro para morrer”.

Seguindo essa trilha de heroísmo, em 1385 o rei Dom João I expulsava os mouros das terras portuguesas e subia ao trono.

Desde então suas vistas se voltaram para mais longe e os portugueses deram início à epopéia que os levaria a “dilatar a Fé e o Império” por todo o orbe. Durante mais de um século e meio, os atos de abnegação e dedicação pela Fé se multiplicaram.

Em todos estes feitos estava sempre presente Nossa Senhora, a quem D. Afonso Henriques consagrara este povo nascido sob o signo da Cruz.

Era Ela que acompanhava Vasco da Gama à Índia, ou que na linda imagem da Senhora da Esperança, viajava na armada de Cabral ao Brasil.

Entre os portugueses não havia quem não sentisse uma força sobrenatural, na convicção de que Deus combatia ao seu lado, por ser ele um soldado da Cruz. E sob este signo venciam, apesar de todas as incoerências e abusos que mancham qualquer empresa humana.

Após este longo itinerário de pensamentos e de evocações históricas, chegamos aos tempos atuais, e constatamos que há todo um trabalho de restauração a ser cumprido, mas que a Providência o deseja e o abençoará. Não tem outro sentido o fato de que a Mãe de Deus tenha querido falar em Fátima ao mundo inteiro. Sua Mensagem se dirige a todos os homens, mas de modo imediato ao povo português e aos que lhe são mais próximos pelo sangue e pela história. Pois Ela, no ano de 1500, estendeu seus braços imensos a uma vastíssima região que denominou Terra de Vera Cruz, depois Santa Cruz e, mais tarde, Brasil.

Bônus: Para ler o livro de São Brandão, basta baixar o arquivo CLICANDO AQUI.

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Um olhar aprofundado no fundador de um país livre
O último signatário vivo da Declaração de Independência, Charles Carroll assumiu o papel de republicano e revolucionário conservador, representando em sua velhice o fim de um período na história.

O último dos signatários americanos da Declaração de Independência a partir deste mundo, Charles Carroll de Carroll também foi um dos fundadores americanos mais formalmente educados. Vivendo dezessete anos na França e na Inglaterra, Carroll obteve seu B.A. em artes liberais tradicionais e um M.A. em filosofia. Ele também estudou direito civil na França e direito comum na Inglaterra. Imigrantes irlandeses para as colônias americanas inglesas, os Carrolls sofreram nas mãos de intolerantes anticatólicos em Maryland por três gerações. Quando Charles Carroll de Carrollton veio ao mundo, seus pais permaneceram solteiros por causa da lei, e escolheram enviar seu único filho para viver na França. Se o tivessem educado em Maryland, as autoridades tinham a sanção legal para remover crianças — ensinadas de uma “maneira católica” — dos pais e colocá-las permanentemente com protestantes ingleses. Embora a América tenha herdado o título de “terra da liberdade”, suas treze colônias inglesas estavam longe de ser tolerantes. Mais do que qualquer outra colônia, Maryland promoveu a tolerância religiosa por quase três décadas do século XVII, mas um golpe em nome de William e Mary em 1689 encerrou isso por quase um século. Maryland passou de ser uma das sociedades mais tolerantes do mundo para uma das menos tolerantes quase da noite para o dia.

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Ex-diplomata dos EUA acusado de espionar para Cuba por mais de 40 anos
Procurador-Geral alega "uma das infiltrações mais altas e duradouras" do governo dos EUA por um agente estrangeiro

O governo dos EUA acusou um ex-diplomata que serviu no conselho de segurança nacional nos anos 1990 de servir secretamente como agente do governo de Cuba por mais de 40 anos. Victor Manuel Rocha foi preso na sexta-feira, após uma longa investigação de contrainteligência do FBI.

O embaixador dos EUA na Bolívia de 2000 a 2002, Rocha também trabalhou no conselho de segurança nacional de 1994 a 1995. Ele é acusado de cometer vários crimes federais.

"Esta ação expõe uma das infiltrações mais altas e duradouras do governo dos Estados Unidos por um agente estrangeiro", disse o procurador-geral, Merrick Garland. "Alegamos que por mais de 40 anos, Victor Manuel Rocha serviu como agente do governo cubano e buscou e obteve posições dentro do governo dos Estados Unidos que lhe proporcionariam acesso a informações não públicas e a capacidade de afetar a política externa dos EUA".

Rocha, de 73 anos, foi preso em Miami na sexta-feira. A lei federal exige que pessoas que fazem o trabalho político de um governo ou entidade estrangeira dentro dos EUA se registrem no departamento de justiça, que nos últimos anos intensificou sua aplicação criminal de lobby estrangeiro ilícito.

A carreira diplomática de 25 anos de Rocha foi realizada sob administrações democratas e republicanas, grande parte dela na América Latina durante a guerra fria, um período de políticas políticas e militares às vezes pesadas dos EUA.

Suas designações diplomáticas incluíram um período na seção de interesses dos EUA em Cuba, durante um tempo em que os EUA não tinham relações diplomáticas plenas com o governo comunista de Fidel Castro. Nascido na Colômbia, Rocha foi criado em uma casa de classe trabalhadora na cidade de Nova York e obteve diplomas de artes liberais em Yale, Harvard e Georgetown.

O governo alegou que Rocha conseguiu posições no departamento de estado a partir de 1981 para lhe dar acesso a informações não públicas, incluindo informações classificadas, e a capacidade de afetar a política externa dos EUA. Diz que de aproximadamente 2006 a 2012, Rocha foi assessor do comandante do Comando Sul dos EUA, um comando conjunto das forças armadas dos Estados Unidos cuja área de responsabilidade inclui Cuba. Acrescenta que, além de fornecer informações enganosas aos EUA para manter seu segredo, ele frequentemente deixava os EUA para se encontrar com operativos de inteligência cubanos e mentia para obter documentos de viagem. Diz que Rocha aparentemente admitiu ser um espião para um agente disfarçado do FBI em reuniões no ano passado e este ano. O agente, posando como um representante da Direção Geral de Inteligência de Cuba, ouviu Rocha admitir "décadas" de trabalho para Cuba. Rocha supostamente continuou se referindo aos EUA como "o inimigo" e usou o termo "nós" para descrever a si mesmo e a Cuba, elogiou Fidel Castro como o "Comandante" e referiu-se aos seus contatos na inteligência cubana como seus "compañeros" (camaradas), segundo a declaração do governo dos EUA.

Rocha foi o principal diplomata dos EUA na Argentina entre 1997 e 2000, justamente quando um programa de estabilização da moeda de uma década apoiado por Washington estava se desfazendo sob o peso de uma enorme dívida externa e crescimento estagnado, desencadeando uma crise política que veria o país sul-americano passar por cinco presidentes em duas semanas. Em seu próximo posto como embaixador na Bolívia, ele interveio diretamente na corrida presidencial de 2002, advertindo semanas antes da votação que os EUA cortariam a assistência ao país sul-americano em dificuldades se fosse eleger o ex-cultivador de coca Evo Morales.

"Quero lembrar o eleitorado boliviano que, se votarem naqueles que querem que a Bolívia volte a exportar cocaína, isso colocará em sério risco qualquer ajuda futura dos Estados Unidos à Bolívia", disse Rocha em um discurso amplamente interpretado como uma tentativa de sustentar a dominação dos EUA na região. Três anos depois, os bolivianos elegeram Morales de qualquer maneira e o líder esquerdista expulsaria o sucessor de Rocha como chefe da missão diplomática por incitar a "guerra civil". Rocha também serviu na Itália, Honduras, México e República Dominicana, e trabalhou como especialista em América Latina para o conselho de segurança nacional.

Nos últimos anos, ele ocupou vários cargos no setor empresarial: como presidente de uma mina de ouro na República Dominicana e cargos seniores em uma exportadora de carvão da Pensilvânia, uma empresa formada para facilitar fusões na indústria de cannabis, um escritório de advocacia e uma empresa espanhola de relações públicas.

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PF descobre elo 'financeiro' do PCC e do CV dentro da PGR

Estadão - 11/12/2023

Além de mirar integrantes do PCC e do Comando Vermelho, a Operação Dakovo - investigação da Polícia Federal sobre poderoso esquema de tráfico internacional de armas - tem como alvo um servidor do Ministério Público Federal, lotado na cúpula da instituição, a Procuradoria-Geral da República. Analista processual, Wagner Vinicius de Oliveira Miranda é apontado como suposto integrante do 'núcleo financeiro' da quadrilha desbaratada na Operação Dakovo.

Os investigadores se debruçam sobre supostas operações entre uma companhia do qual o servidor do MPF é sócio e uma empresa cujas contas são usadas para recebimento de pagamentos de armas e drogas - a qual é controlada por Angel Antonio Flecha Barrios, apontado como intermediário da quadrilha que atuava na fronteira do Brasil com o Paraguai, abastecendo as principais facções brasileiras com pistolas, fuzis e munições de grosso calibre, arsenal que seria usado para 'enfrentamento'.

A Justiça Federal da Bahia determinou que a Polícia Federal vasculhasse a casa de Wagner no bojo da fase ostensiva da Operação, aberta na terça-feira, 5. Também foi decretado o afastamento cautelar de Wagner da PGR por 30 dias, com a suspensão de acesso a sistemas internos ou externos que ele tenha em razão do cargo que ocupa.

A Justiça entendeu que a medida era necessária uma vez que, enquanto servidor lotado na PGR, Wagner possuía 'livre acesso a sistemas e dados internos, podendo, eventualmente, acessar informações sensíveis relacionadas à operação'.

A Justiça levou em consideração o fato de Wagner possuir cadastro ativo nos sistemas do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, como servidor do MPF, 'de modo que tem acesso a todos os processos, inclusive aqueles classificados com sigilo'.

Wagner é listado como integrante de um grupo de pessoas que 'figuram nos comprovantes de depósitos e que permitiram o uso de suas contas bancárias para o recebimento de pagamentos de armas e drogas por parte de criminosos no Paraguai'.

Ele passou a ser investigado após a PF encontrar seu nome em meio à análise de dados de Angel Antonio Flecha Barrios, responsável por repassar armas ilegais importadas da Europa para as duas maiores facções brasileiras, PCC e Comando Vermelho.

Segundo os investigadores, Angel é um dos expoentes do núcleo de intermediários da quadrilha - 'os que realizam o contato com os compradores, transportam os carregamentos de armas e drogas, conforme a oportunidade e conveniência, e operam a internalização das armas em território nacional, via fronteira entre Brasil e Paraguai'.

A PF apura o envolvimento de Wagner com uma suposta operação financeira ligada a Angel. O servidor do MPF é sócio de duas empresas: a Steak House Restaurante e a Bravoshop plataformas de vendas online. Esta última, segundo a PF, seria uma empresa de fachada. Um outro sócio foi identificado como Raimundo Nascimento Pereira.

A PF apurou que Raimundo consta como sócio da empresa Bravo Brasil - 'sem empregados registrados e sem funcionamento no endereço constante nos seus registros cadastrais'. Tanto a Bravo Brasil como a Bravoshop têm o mesmo e-mail e telefone no cadastro e foram abertas no mesmo dia.

Tais informações se tornaram relevantes quando a PF analisou as informações guardadas na nuvem de Angel. Os investigadores encontraram uma conversa entre o intermediário e um certo 'Hevert', tratando sobre tráfico de armas e de drogas (maconha e cocaína) e substâncias químicas utilizadas na preparação de ketamina e anfetamina.

Entre 12 e 19 de julho de 2022, 'Hevert' enviou na conversa três comprovantes bancários com transferências que totalizam R$ 53.000 da conta da Bravo Brasil - Iphones Ltda para as contas da DDM Aviação Ltda e David Carlos Ferreira Ltda, usadas por Angel.

A DDM Aviação é uma empresa cujas contas são utilizadas para recebimento de pagamentos de armas e/ou drogas (que são internalizadas ilicitamente no Brasil) por parte de criminosos no Paraguai, diz a PF.

A corporação apontou, ainda, a informação de Relatório de Inteligência Financeira envolvendo as remessas de R$ 100 mil e R$ 50 mil de Wagner para a Bravo Brasil - Iphones, nos dias 20 de julho e 24 de outubro de 2022, referente a depósitos em dinheiro, e comunicadas por suspeita de lavagem de dinheiro.

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