Allan dos Santos
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Quem foi Ortega y Gasset?
José Ortega y Gasset: Vida e Obra do filósofo espanhol
June 13, 2023

José Ortega y Gasset, uma das figuras mais influentes do pensamento moderno, abriu caminhos na filosofia e na sociologia com suas ideias inovadoras.

Nascido na Espanha em 1883, Ortega y Gasset, com suas percepções agudas e perspicácia filosófica, provocou uma mudança sísmica na maneira como concebemos a relação entre o indivíduo e a sociedade. 

Ele é mais conhecido por seus conceitos de “Razão Vital”, “Homem-massa” e “Perspectivismo”, que desafiaram a filosofia tradicional e introduziram uma nova maneira de entender a realidade.

Além disso, sua famosa frase “eu sou eu e minha circunstância” tornou-se um axioma para aqueles que procuram entender a interação entre o eu individual e o ambiente externo.

Sua obra, vasta e diversificada abrange uma variedade de temas desde a filosofia até a crítica cultural e social. 

Seus livros mais emblemáticos, como “A Rebelião das Massas” e “O que é Filosofia?”, marcaram época e continuam sendo referência para estudantes, acadêmicos e leitores interessados no campo da filosofia.

Ao longo deste artigo, vamos mergulhar na vida, carreira e contribuições significativas de José Ortega y Gasset, o filósofo que desafiou conceitos e transformou a maneira como percebemos a realidade. 

Convidamos você a explorar suas principais teorias, examinar suas obras e refletir sobre a magnitude de sua influência no pensamento filosófico contemporâneo.

Primeiros anos e educação

José Ortega y Gasset nasceu em 9 de maio de 1883, em Madrid, Espanha. 

Filho de José Ortega Munilla e Dolores Gasset Chinchilla, ele foi criado em uma família burguesa liberal e intelectualizada. 

Seu pai era um famoso jornalista e sua mãe era filha do fundador do jornal El Imparcial, onde Ortega começou a publicar seus trabalhos ainda muito jovem.

O ambiente intelectual e literário em que cresceu desempenhou um papel significativo na formação de Ortega y Gasset, despertando seu amor pelo conhecimento e a compreensão dos fenômenos humanos e sociais desde tenra idade.

No entanto, foi sua formação educacional formal que moldou sua perspectiva filosófica.

Ele ingressou na Universidade de Deusto, Bilbao, com apenas 13 anos, e dois anos depois transferiu-se para a Universidade Central de Madrid

Em 1904, Ortega y Gasset decidiu continuar seus estudos na Alemanha, na Universidade de Leipzig, movido pelo desejo de aprofundar seu conhecimento na filosofia. 

Na Alemanha, ele também estudou nas universidades de Berlim e Marburg, onde teve contato com as correntes filosóficas mais relevantes da época, como o neokantismo e a fenomenologia.

A influência da filosofia alemã é evidente em seus primeiros trabalhos, embora Ortega y Gasset sempre mantivesse uma posição crítica em relação a ela.

Seu desejo era combinar as melhores partes do pensamento filosófico europeu com um novo foco na realidade individual e social, um projeto que viria a ser o cerne de sua filosofia.

Com uma base sólida na filosofia ocidental, e uma mente aguçada para os detalhes e nuances da vida cotidiana, Ortega y Gasset estava bem preparado para deixar sua marca indelével no mundo da filosofia e das ciências sociais. 

Nos próximos anos, suas ideias e teorias continuariam a se desenvolver e evoluir, resultando em uma série de obras que abalariam o cenário filosófico e se tornariam clássicos atemporais.

Carreira e contribuições filosóficas

A carreira acadêmica de Ortega y Gasset começou em 1910, quando ele foi nomeado professor de Metafísica na Universidade de Madrid, cargo que ocupou até 1936. 

Durante esse período, moldou uma geração de intelectuais espanhóis e consolidou sua posição como uma das principais vozes filosóficas da Espanha e do mundo.

Em termos de contribuições filosóficas, Ortega y Gasset é mais conhecido por suas teorias do “Perspectivismo” e da “Razão Vital”.

O Perspectivismo é uma filosofia que rejeita a noção de uma verdade objetiva universal e sustenta o aspecto da verdade como uma questão de perspectiva individual.

Para Ortega y Gasset, a realidade é sempre interpretada através das experiências e circunstâncias pessoais de cada indivíduo, o que significa que cada pessoa tem sua própria perspectiva da verdade. Isso foi um afastamento radical da filosofia tradicional e introduziu um novo enfoque na individualidade e na subjetividade.

Razão Vital, por outro lado, é uma filosofia que busca entender a vida como uma realidade radical que não pode ser totalmente capturada por conceitos abstratos ou categorias racionais. 

Para Ortega y Gasset, a vida é uma realidade dinâmica e em constante mudança que deve ser vivida e compreendida a partir de dentro. 

Isso significava que a filosofia deveria se concentrar na experiência vital, na vida tal como é vivida pelo indivíduo.

Talvez a expressão mais famosa de Ortega y Gasset de suas teorias seja a frase “eu sou eu e minha circunstância”, que encapsula a ideia de que o indivíduo e seu ambiente estão intrinsecamente interligados e não podem ser entendidos separadamente.

Essa frase se tornou um dos pilares da sua filosofia, tendo sido citada e reinterpretada por muitos pensadores subsequentes.

Essas teorias não apenas transformaram a filosofia de Ortega y Gasset em uma marca distinta dentro do pensamento filosófico, mas também tiveram um impacto significativo em outros campos como a sociologia, a psicologia e as humanidades em geral.

Na próxima seção, examinaremos o corpus completo de suas obras e o impacto duradouro que deixaram no pensamento filosófico.

Lista Completa das Obras de Ortega y Gasset

O legado escrito de José Ortega y Gasset é extenso e diversificado.

Ele abordou uma variedade de temas e áreas de estudo, variando de estudos culturais e históricos a análises da sociedade contemporânea e considerações filosóficas profundas. Aqui estão as suas principais obras:

Obras Iniciais:

  1. “Meditaciones del Quijote” (1914): É uma reflexão sobre a identidade espanhola através da obra de Cervantes, “Don Quixote”.

  2. Vieja y nueva política” (1914)

  3. “Investigaciones psicológicas” (1916)

Obras Posteriores:

“El Espectador” (1916-1934): Esse é uma série de oito volumes onde Ortega y Gasset aborda uma ampla gama de tópicos, desde a literatura até a cultura e a política.

“España invertebrada” (1922): Aqui, ele aborda a questão da unidade nacional espanhola e os desafios enfrentados pela Espanha naquela época.

“El tema de nuestro tiempo” (1923): Esta obra centraliza a ideia de “Razão Vital”.

“Las Atlántida” (1924)

“La deshumanización del arte e Ideas sobre la novela” (1925): Nesta obra, Ortega y Gasset discute a arte moderna e sua relação com a sociedade.

“Espíritu de la letra” (1927)

“¿Qué es filosofía?” (1929): É um curso expositivo sobre a filosofia e suas diversas vertentes.

“La rebelión de las masas” (1930): Talvez o trabalho mais famoso de Ortega y Gasset, onde ele analisa a ascensão do “homem-massa” e seu impacto na sociedade moderna.

“Rectificación de la República; La redención de las provincias y la decencia nacional” (1931)

“Goethe desde dentro” (1932)

“Unas lecciones de metafísica” (1932-1935)

“En torno a Galileo” (1933)

“Historia como sistema” (1935): Esta obra apresenta sua visão da história como um sistema dinâmico e interrelacionado.

“Prólogo para alemanes” (1937)

“Ensimismamiento y alteración. Meditación de la técnica” (1939)

Publicações Póstumas:

“Meditación de la técnica” (1942)

“El hombre y la gente” (1957)

“Ortega y Gasset, Lecciones de estética” (1958)

“La caza y los toros” (1960)

“Pasado y porvenir para el hombre actual” (1962)

“La idea de principio en Leibniz y la evolución de la teoría deductiva” (1967)

“¿Qué es conocimiento?” (1984)

Cada uma dessas obras reflete a genialidade de Ortega y Gasset e suas contribuições incalculáveis à filosofia, cultura e sociedade.

Elas são um testamento de sua visão complexa e multifacetada do mundo e continuam sendo uma fonte de reflexão e discussão intelectual até hoje.

Na próxima seção, discutiremos o legado e a influência duradoura de Ortega y Gasset.

Influência e Legado de Ortega y Gasset

O legado de José Ortega y Gasset se estende muito além de sua Espanha natal e continua a ser uma força vital no mundo da filosofia e das ciências sociais.

Suas ideias inovadoras e sua visão única de mundo desafiaram a forma como entendemos a realidade e nossa própria existência.

Em primeiro lugar, o impacto de Ortega y Gasset na filosofia foi e continua sendo profundo.

Sua teoria do “Perspectivismo” rejeitou a ideia de uma única verdade universal e introduziu a ideia de que a realidade é uma questão de perspectiva individual.

Isso marcou uma ruptura importante com a tradição filosófica e abriu o caminho para uma abordagem mais subjetiva e individual da filosofia.

Além disso, sua teoria da “Razão Vital” introduziu a ideia de que a vida não pode ser plenamente compreendida por meio de conceitos abstratos ou categorias racionais.

Essa ideia teve um impacto significativo em várias disciplinas, incluindo a sociologia, a psicologia e a antropologia, e ajudou a abrir o caminho para abordagens mais holísticas e integradas do estudo da existência humana.

Sua influência também pode ser vista na política e na cultura.

Sua obra “La Rebelión de las Masas” (A Rebelião das Massas) é uma crítica profunda e incisiva da sociedade moderna e do “homem-massa”.

Este livro continua a ser uma leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada na compreensão dos desafios e das dinâmicas da sociedade contemporânea.

Ortega y Gasset também teve um impacto significativo na educação.

Ele foi um dos fundadores da Universidad Autónoma de Madrid e da Residencia de Estudiantes, duas instituições que desempenharam um papel fundamental na modernização da educação na Espanha.

Em resumo, o legado de Ortega y Gasset é rico e multifacetado.

Ele deixou uma marca indelével na filosofia, na sociologia, na política e na cultura, e continua a ser uma fonte de inspiração e reflexão para as gerações atuais.

Na próxima seção, examinaremos a presença de Ortega y Gasset na cultura popular e sua relevância no mundo moderno.

José Ortega y Gasset na Cultura Popular e Relevância Atual

O pensamento de José Ortega y Gasset transcendeu o mundo acadêmico e penetrou profundamente na cultura popular.

Além de ser objeto de estudo nas salas de aula de filosofia, sua figura e suas ideias têm aparecido em diversas obras literárias, filmes e discussões públicas, o que destaca sua importância e relevância contínuas.

Em sua Espanha natal, Ortega y Gasset é reverenciado como um dos grandes pensadores do século XX.

Suas ideias sobre a ‘Espanha invertebrada’ e a ‘rebelião das massas’ são frequentemente citadas em discussões sobre a identidade nacional espanhola e os desafios enfrentados pela sociedade moderna.

Além disso, muitos dos principais intelectuais e escritores espanhóis, incluindo Fernando Savater e Mario Vargas Llosa, reconheceram a influência de Ortega y Gasset em seus próprios trabalhos.

Globalmente, o impacto de Ortega y Gasset é igualmente significativo. Suas ideias sobre o ‘eu’ e sua relação com as ‘circunstâncias’ foram adotadas e desenvolvidas por diversos pensadores, desde filósofos existencialistas até sociólogos modernos.

Além disso, suas reflexões sobre a arte, a cultura e a política continuam a ser uma fonte valiosa de insight e análise.

Em relação à sua relevância atual, Ortega y Gasset é notavelmente pertinente para o mundo contemporâneo.

Suas críticas ao ‘homem-massa’ e suas preocupações com a erosão do pensamento individual e da responsabilidade ressoam profundamente em uma era de globalização e de mídias sociais.

Além disso, sua ênfase na perspectiva individual e na importância da ‘vida vivida’ fornece uma contrapartida valiosa ao reducionismo e ao determinismo que muitas vezes dominam as discussões sobre a natureza humana.

Em resumo, embora José Ortega y Gasset tenha vivido há mais de um século, suas ideias e seu pensamento continuam a ser extremamente relevantes e influentes.

Seja na academia, na cultura popular ou no debate público, Ortega y Gasset permanece uma figura indispensável cuja obra ressoa poderosamente no mundo moderno.

No encerramento deste artigo, refletiremos sobre as principais conclusões a serem tiradas da vida e obra deste grande pensador.

Conclusão

José Ortega y Gasset foi um dos maiores pensadores do século XX, cujas ideias inovadoras e perspectivas únicas desafiaram a forma como entendemos o mundo e a nós mesmos.

Suas contribuições à filosofia, à sociologia, à política e à cultura foram significativas e continuam a ser fontes ricas de reflexão e análise.

Ortega y Gasset foi um defensor incansável da individualidade, da responsabilidade pessoal e da “vida vivida”.

Ele nos ensinou que somos cada um de nós “nós mesmos e nossas circunstâncias” e que a verdade é sempre uma questão de perspectiva.

Ele nos desafiou a rejeitar o conformismo e a mediocridade e a buscar nosso próprio caminho, independentemente das convenções sociais ou das pressões externas.

Mas talvez a contribuição mais importante de Ortega y Gasset tenha sido sua capacidade de conectar a filosofia à vida cotidiana.

Ele acreditava que a filosofia não deveria ser uma atividade abstrata e descolada da realidade, mas sim uma forma de explorar e compreender a experiência humana em toda a sua complexidade.

Isso o levou a desenvolver sua teoria da “Razão Vital”, que colocou a vida e a experiência pessoal no centro do pensamento filosófico.

Hoje, em um mundo cada vez mais complexo e incerto, as ideias de Ortega y Gasset são mais relevantes do que nunca.

Elas nos oferecem uma bússola para navegar os desafios da vida moderna e nos lembram da importância de manter nossa humanidade e individualidade intactas.

Como ele mesmo escreveu: “Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não salvo a mim”.

Ortega y Gasset nos deixou um legado rico e profundo, que continuará a inspirar e desafiar as gerações futuras.

Sua vida e obra são um testemunho do poder do pensamento individual e da necessidade constante de questionar, refletir e buscar a verdade.

Seja você um estudante de filosofia, um amante da cultura, ou simplesmente alguém interessado em compreender o mundo e seu lugar nele, as ideias de Ortega y Gasset oferecem uma fonte inesgotável de inspiração e insight.

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Ex-diplomata dos EUA acusado de espionar para Cuba por mais de 40 anos
Procurador-Geral alega "uma das infiltrações mais altas e duradouras" do governo dos EUA por um agente estrangeiro

O governo dos EUA acusou um ex-diplomata que serviu no conselho de segurança nacional nos anos 1990 de servir secretamente como agente do governo de Cuba por mais de 40 anos. Victor Manuel Rocha foi preso na sexta-feira, após uma longa investigação de contrainteligência do FBI.

O embaixador dos EUA na Bolívia de 2000 a 2002, Rocha também trabalhou no conselho de segurança nacional de 1994 a 1995. Ele é acusado de cometer vários crimes federais.

"Esta ação expõe uma das infiltrações mais altas e duradouras do governo dos Estados Unidos por um agente estrangeiro", disse o procurador-geral, Merrick Garland. "Alegamos que por mais de 40 anos, Victor Manuel Rocha serviu como agente do governo cubano e buscou e obteve posições dentro do governo dos Estados Unidos que lhe proporcionariam acesso a informações não públicas e a capacidade de afetar a política externa dos EUA".

Rocha, de 73 anos, foi preso em Miami na sexta-feira. A lei federal exige que pessoas que fazem o trabalho político de um governo ou entidade estrangeira dentro dos EUA se registrem no departamento de justiça, que nos últimos anos intensificou sua aplicação criminal de lobby estrangeiro ilícito.

A carreira diplomática de 25 anos de Rocha foi realizada sob administrações democratas e republicanas, grande parte dela na América Latina durante a guerra fria, um período de políticas políticas e militares às vezes pesadas dos EUA.

Suas designações diplomáticas incluíram um período na seção de interesses dos EUA em Cuba, durante um tempo em que os EUA não tinham relações diplomáticas plenas com o governo comunista de Fidel Castro. Nascido na Colômbia, Rocha foi criado em uma casa de classe trabalhadora na cidade de Nova York e obteve diplomas de artes liberais em Yale, Harvard e Georgetown.

O governo alegou que Rocha conseguiu posições no departamento de estado a partir de 1981 para lhe dar acesso a informações não públicas, incluindo informações classificadas, e a capacidade de afetar a política externa dos EUA. Diz que de aproximadamente 2006 a 2012, Rocha foi assessor do comandante do Comando Sul dos EUA, um comando conjunto das forças armadas dos Estados Unidos cuja área de responsabilidade inclui Cuba. Acrescenta que, além de fornecer informações enganosas aos EUA para manter seu segredo, ele frequentemente deixava os EUA para se encontrar com operativos de inteligência cubanos e mentia para obter documentos de viagem. Diz que Rocha aparentemente admitiu ser um espião para um agente disfarçado do FBI em reuniões no ano passado e este ano. O agente, posando como um representante da Direção Geral de Inteligência de Cuba, ouviu Rocha admitir "décadas" de trabalho para Cuba. Rocha supostamente continuou se referindo aos EUA como "o inimigo" e usou o termo "nós" para descrever a si mesmo e a Cuba, elogiou Fidel Castro como o "Comandante" e referiu-se aos seus contatos na inteligência cubana como seus "compañeros" (camaradas), segundo a declaração do governo dos EUA.

Rocha foi o principal diplomata dos EUA na Argentina entre 1997 e 2000, justamente quando um programa de estabilização da moeda de uma década apoiado por Washington estava se desfazendo sob o peso de uma enorme dívida externa e crescimento estagnado, desencadeando uma crise política que veria o país sul-americano passar por cinco presidentes em duas semanas. Em seu próximo posto como embaixador na Bolívia, ele interveio diretamente na corrida presidencial de 2002, advertindo semanas antes da votação que os EUA cortariam a assistência ao país sul-americano em dificuldades se fosse eleger o ex-cultivador de coca Evo Morales.

"Quero lembrar o eleitorado boliviano que, se votarem naqueles que querem que a Bolívia volte a exportar cocaína, isso colocará em sério risco qualquer ajuda futura dos Estados Unidos à Bolívia", disse Rocha em um discurso amplamente interpretado como uma tentativa de sustentar a dominação dos EUA na região. Três anos depois, os bolivianos elegeram Morales de qualquer maneira e o líder esquerdista expulsaria o sucessor de Rocha como chefe da missão diplomática por incitar a "guerra civil". Rocha também serviu na Itália, Honduras, México e República Dominicana, e trabalhou como especialista em América Latina para o conselho de segurança nacional.

Nos últimos anos, ele ocupou vários cargos no setor empresarial: como presidente de uma mina de ouro na República Dominicana e cargos seniores em uma exportadora de carvão da Pensilvânia, uma empresa formada para facilitar fusões na indústria de cannabis, um escritório de advocacia e uma empresa espanhola de relações públicas.

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