Esse trecho do livro ARQUIPÉLAGO GULAG de Aleksandr Solzhenitsyn mostra bem como certos episódios históricos nos ajudam a ajudar a compreender o presente:
““Sente-se”, disseram-lhe, “vamos esclarecer isso”. Esperou duas horas e levaram-na da recepção à cela: era preciso completar urgentemente a cifra prevista e faltavam agentes para mandá-los correr a cidade, e aquela mulher já ali estava! Sucedeu o oposto com o letoniano Andrei Pavlu, perto de Orcha, onde a N.K.V.D. se dirigiu para o prender: ele não abriu a porta, saltou pela janela, teve tempo de fugir e partiu de viagem directamente para a Sibéria. Embora vivesse com o seu nome verdadeiro e pelos documentos fosse claro que era de Orcha, Pavlu NUNCA foi detido, nem chamado aos órgãos, nem considerado suspeito. Há três tipos de buscas: de âmbito federal, republicano e regimental, e quase para metade dos presos, em tais epidemias, a busca não excedia a região. Aquele que era destinado a ser preso por circunstâncias fortuitas, a denúncia de um vizinho, por exemplo, facilmente era substituída por outro vizinho. Tal como Pavlu, outros houve que foram apanhados casualmente numa rusga, ou num apartamento, ou numa emboscada, e tiveram a audácia de fugir nesse preciso momento, antes mesmo do primeiro interrogatório, nunca sendo agarrados, nem levados a julgamento; mas aqueles que ficaram a aguardar justiça, cumpriram a pena sofrida. E quase todos, na sua esmagadora maioria, se comportaram precisamente desse modo: com pusilanimidade, impotência, fatalismo.”
Avisei aos perseguidos que NÃO FICASSEM no Brasil. Leia esse trecho do livro e saberá o que acontecerá com eles, Bolsonaro inclusive.