A Procuradoria Geral da República (PGR) fez uma solicitação ao Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, buscando a liberação de uma cópia do vídeo que registra o incidente alegado envolvendo o magistrado da Corte, Alexandre Moraes, e três cidadãos brasileiros - Roberto Mantovani Filho, Andreia Munarão e Alex Zanatta Bignotto - no Aeroporto de Roma, na Itália, em 14 de julho. O pedido foi dirigido ao advogado da defesa.
Em uma decisão proferida em 24 de outubro, o Ministro Toffoli negou o acesso das partes envolvidas às filmagens, determinando que os advogados somente poderiam visualizar as gravações nas instalações do Supremo, na presença de um funcionário do tribunal.
A PGR, em sua petição, argumenta que a falta de divulgação integral dos eventos prejudica a formação da opinião pública e busca a disponibilização das filmagens. O documento foi assinado pela Vice-Procuradora Geral, Ana Borges Coêlho Santos.
A PGR também enfatiza que as restrições impostas por Toffoli ao acesso às imagens dificultam a realização de análises técnicas. Além disso, o órgão solicita uma cópia das gravações.
Em 14 de novembro, os indivíduos investigados também requereram a devolução de bens apreendidos durante uma operação da Polícia Federal realizada em 18 de julho. Eles solicitam a devolução de dois celulares, dois notebooks e um pen drive.
O caso remonta ao dia 14 de julho, quando Moraes, acompanhado de seu filho, regressava de uma palestra no Fórum Internacional de Direito, realizado na Universidade de Siena. Alega-se que o ministro foi alvo de ofensas proferidas por cidadãos brasileiros, incluindo xingamentos de "bandido", "comunista" e "comprado". Roberto Mantovani Filho teria, inclusive, agredido fisicamente o filho de Moraes com um golpe no rosto quando este interveio em defesa de seu pai durante a discussão.
No mesmo dia do incidente, Moraes enviou uma notícia-crime ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, detalhando os suspeitos da hostilização, acompanhada de imagens.
Os três brasileiros desembarcaram em São Paulo, no Aeroporto de Guarulhos, no dia seguinte, e prestaram depoimentos à Polícia Federal. Em seus depoimentos, Roberto Mantovani Filho alegou ter afastado o filho de Moraes com os braços em defesa de sua esposa, Andreia Mantovani, que se sentiu desrespeitada pelo filho do ministro. Andreia Mantovani criticou a possibilidade de a família ter recebido tratamento preferencial para acessar a sala VIP. Alexandre Zanatta, genro de Roberto e corretor de imóveis, negou as acusações.
A Polícia Federal também solicitou as imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Roma, que chegaram ao Brasil em 4 de setembro e estão sendo periciadas.
O advogado dos três suspeitos de hostilizar o ministro do STF, Ralph Tórtima, buscou as imagens junto à Justiça italiana e ao aeroporto, realizando uma perícia independente em um vídeo de 10 segundos gravado por Alex Zanatta, um dos suspeitos, que supostamente mostra Moraes xingando-o de "bandido". A Polícia Federal alegou falta de integridade no material.
O caso da hostilização a Moraes permanece em fase de inquérito. Em 30 de outubro, a PGR manifestou-se contrária à inclusão de Moraes como assistente de acusação no caso, decisão que já havia sido aceita por Toffoli. Segundo a PGR, o assistente de acusação somente pode ser admitido quando o investigado se torna réu, e essa decisão violaria a competência do Ministério Público, que é responsável por apresentar a denúncia. A PGR também solicitou o fim das restrições às filmagens gravadas no Aeroporto de Roma, enquanto Toffoli alegou a necessidade de preservar a "intimidade" das partes envolvidas no caso.