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Apoiadores e eleitores vibram como nunca nos discursos mais óbvios e que no fim são vencidos “em nome do pragmatismo político”. Ao fim da festa, reina o famoso “você acha que a mudança se dará sem pragmatismo?”.
A pergunta mais óbvia é a seguinte: por que falou assim então? A resposta é incontestável: para vender. É puro marketing de venda. E essa é uma das grandes diferenças entre comunistas e candidatos a anti-comunistas no mundo. De um lado, um grupo preparado para prender pessoas inocentes, matá-las de todos os modos, levá-las a maior desgraça possível, e do outro lado o circo dos bravateiros. Pronto para qualquer acordo, desde que o rabo deles não fique na reta. Pobre de quem cai na Black Friday Contra-revolucionária e acaba pagando o pato. Será esquecido e morrerá na cadeia. Que o diga o pobre Cleriston Pereira da Cunha.
Voltando para los hermanos. Numa mudança abrupta de retórica, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, disse que Luiz Inácio Lula da Silva “será bem-vindo” caso decida comparecer à sua posse, no dia 10 de dezembro. “Ele é o presidente do Brasil”, afirmou Milei no dia 22 ao canal argentino Todo Notícia.
A declaração se dá após o direitista convidar Jair Bolsonaro para a cerimônia que dará início ao seu mandato no país.
Durante as eleições, Milei chegou a afirmar que não dialogaria com o Brasil. Mencionou Lula em seus discursos, chamando-o de corrupto e comunista, além de dizer que não o encontraria caso fosse eleito. O povo argentino acreditou em Milei e ele foi eleito com esse discurso.
As declarações foram repudiadas pelo governo petista. O ministro da Secom, Paulo Pimenta, disse que Milei deveria ligar para Lula para se desculpar. Lula, por sua vez, afirmou que há atualmente “algumas confusões na América do Sul”, acrescentando que haveria “problemas políticos” no futuro —sem citar Milei diretamente, assim como fez ao comentar o resultado da eleição na Argentina.
O arrego de Milei ao líder comunista brasileiro não fez Lula baixar a guarda. Bolsonaro disse: “Para mim, o Lula não existe. Ele faz a parte dele lá, eu faço a minha. Não vou brigar com ninguém”. Não concluiu: “Agora, se o Lula for lá [na posse], vai ser vaiado. Ele tem que se mancar”.
É certo que Lula não irá na posse. Comunista que é, ele sabe a diferença entre mentir em campanha e mentir para a sua base fiel de apoio. Lula não é burro como os bravateiros da direita, que na primeira oportunidade de baixar a calcinha, entregam-se com preços nada promocionais.
Bolsonaro afirmou que estará acompanhado de uma comitiva formada por governadores e 30 parlamentares. Os governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Jorginho Mello, de Santa Catarina; e Ronaldo Caiado, de Goiás, já confirmaram a viagem.
Pagando pau para comunista
Milei busca se retratar com diversos líderes que insultou durante a campanha. Ele agradeceu, por exemplo, por mensagens recebidas do papa Francisco —a quem já chamou de “imbecil que defende a justiça social” e “representante do maligno na Terra”— e dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da França, Emmanuel Macron.
Ainda nesta quinta-feira, foi a vez de suavizar o tom em relação ao ditador da China, Xi Jinping. “Envio a ele meus mais sinceros votos de bem-estar para o povo chinês”, escreveu Milei no X (antigo Twitter) ao compartilhar a mensagem enviada pelo ditador chinês. O texto diz que Pequim dá “grande importância” ao desenvolvimento de suas relações com a Argentina.
Durante a campanha, Milei afirmou que não dialogaria ou faria negócios com Pequim devido às restrições do regime às liberdades individuais. A China é o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
O arrego veio logo após a declaração da chancelaria de Pequim no início da semana. Reagindo a uma fala de Diana Mondino, economista cotada para chefiar o Ministério das Relações Exteriores no governo de Milei, uma das porta-vozes da pasta afirmou que o país sul-americano cometeria “um grande erro” caso decidisse cortar laços com os chineses. Foi o mesmo alerta que a China deu a Bolsonaro. Veja o artigo de um site esquerdista americano em 23 de abril de 2019: “Jair Bolsonaro pegou pesado contra a China durante a campanha. Mas mudou o tom depois que assumiu a presidência”.
O arrego poupou Bolsonaro? Não. Pelo contrário. Quanto mais cedia, mais o Partido Comunista engolia o Brasil. Hoje, Caiado e Tarcísio festejam contratos com chineses, o que certamente não queriam os paulistas e goianos.
Milei venceu no domingo passado o socialista Sergio Massa, atual ministro da Economia, impondo ao peronismo sua quarta derrota em 40 anos de “democracia”. O presidente eleito assumirá o cargo no dia 10 de dezembro e herdará um país em crise econômica, com inflação anual de três dígitos, reservas internacionais esgotadas e uma taxa de pobreza acima de 40%.
Os eleitores votam nos políticos que prometem lutar contra o comunismo, mas o discurso dura uma semana, quando muito. Enquanto os opositores dos comunistas — muitos de fato querem ser mesmo oposição — não entenderem que comunista só respeita quem os coloca na coleira como cães, quem será adestrado, pegará bolinha, rolará no chão, balançará o rabo e tudo mais, não será o bravateiro, mas quem fala e cumpre. Todo comunista precisa ser desprezado e tratado como tal: assassino, genocida, tirânico, ditador e cafajeste. Respeitar um comunista é dar a ele o louro da honra que só pessoas como o pobre do eleitor merece, mas é o primeiro a se estropiar por acreditar em bravatas.